D. Siria nos recebeu alegremente em sua casa, e entre uma ligação no celular e os pontos do seu bordado foi contando um pouco do que se recorda do período que chegou em Rochedo.
Assim contou:
Cheguei em Rochedo aos 17 anos após ter me casado com Srº Joaquim Queiroz - pessoa histórica do nosso (já falecido a 5 anos) – de tudo um pouco ele aqui fez: foi garimpeiro, comprador de pedras preciosas, vendedor de fazendas e até açougueiro, naquele tempo não tinha energia elétrica, assim matava a vaca e logo tinha que vender, a carne era salgada para durar mais tempo.
Nesta rua onde moro, a rua Drº Arnaldo Estevão de Figueiredo, era apenas uma “picada”, um trieiro, asa casas eram de pau a pique, havia grandes barracões onde ficavam os garimpeiros, era a rua dos garimpeiros... aqui nesta região é que iniciou o vilarejo que veio a se tornar o que temos hoje.
Ainda nesta época não tinha delegacia, nem prefeitura, os presos eram amarrados em correntes e presos em paus, ficavam dentro dos barracões; a escola que tinha era a Reunidas, aqui no fundo de casa, tem o prédio até hoje;
... não tinha energia elétrica, nem água encanada, tínhamos que pegar a água no rio... -“conheci a D. Maria José carregando água na cabeça”! – e éramos muito felizes assim, não tinha isso de precisar de médico a toda hora, era um período de muita fartura.
A festa principal era da Igreja Católica, em honra ao Senhor Bom Jesus, tinha uns bailes muito bom, eu dançava até o raiar do dia. A Igreja que temos hoje foi construída pelo Srº José Carrilho em ação de graças ao Bom Jesus
... não havia médico, no caso de doença tínhamos que pegar uma condução e ir para Campo Grande; não é como hoje, tudo tão rápido!!!!! Demorava dias para chegar lá, saída para Campo Grande era pela rua Joaquim Murtinho, em direção a Fazenda Federação.
Quando alguém fala que Rochedo tá ruim, digo que agora é que tá bom! Sofri muito no inicio trabalhando com meu velho no mato, cozinhava para 35 homens na região da Macaúba, depois de tempos passados é que com a venda de diamantes vim morar nesta casa aqui na rua Drº Arnaldo.
Foram tempos difíceis, mas de muita alegria e a saudade maior que tenho é do meu velho que há cinco anos se foi, com ele tive meus 15 filhos (seis já falecidos) e se for a vontade de Deus aqui pretendo ficar até meus últimos dias de vida.
Rochedo/MS 17 de Novembro de 2011.
D. Síria e Srº Joaquim (in memorian) |
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