quarta-feira, 29 de junho de 2011

Relato do Srº Vanderlino



Srº Vanderlino de Souza Moura, 90 anos, hoje aposentado, viúvo, pai de seis filhos – cinco mulheres e um falecido – e  4 netos;  chegou em Rochedo em 1945.
No dia 18 de Junho de Dois Mil e Onze, num sábado ensolarado,  nos recebeu carinhosamente em sua casa e relatou saudosamente alguns dos momentos vividos em nosso município quando aqui chegou. Segue abaixo um resumo das suas lembranças de memória:
Sr. Vanderlino de Souza Moura chegou em Rochedo em 1945, vindo do Estado do Amazonas onde trabalhava na extração da borracha, (se preparava para ir para a guerra, porém ,não deu certo) depois foi para  Cuiabá ficando um tempo trabalhando em um frigorífico (atravessando boi pelo rio), tempos depois foi trabalhar como “camelo” – pessoa que realiza carga e descarga de produtos -  em Aquidauna na estrada de ferro, depois foi para Campo Grande, Rochedinho e então soube do garimpo em Rochedo e logo veio para cá ; ele veio andando a pé , saiu cedinho e chegou aqui no fim da tarde (uma pessoa se ofereceu para trazê-lo cobrando 15 mil réis, ele não tinha esse dinheiro).
Relatou que chovia muito na região, havia apenas casas de palhas. Tinha a casa do Srº Afonso, uma máquina de arroz; onde o Srº Osvaldo mora era de um japonês que tinha um comércio e na esquina era a delegacia. Esse japonês tinha uns 30 meia-praça (garimpeiros).
“As casas eram de palhas, e na região havia algumas plantações de arroz, que eram mandados para outras cidades num caminhão, existia aqui uma máquina de arroz também. Quando cheguei aqui não tinha onde ficar, consegui abrigo na casa das “Primas’’, onde era um barraco-zona, onde hoje é a casa da Dona Noemia” . – relatou Srº Vanderlino.
A maioria das terras que hoje forma o município era do Coronel Quito, ele dava os terrenos para os garimpeiros poderem construir suas casas ou barracos.
Onde hoje é sua residência havia um rego d’água que começava do frigorífico, passava pelo córrego do lajeado até chegar no vilarejo, era onde lavavam as roupas, e usavam a água para beber e cozinhar, não havia água encanada.
Disse que antigamente era difícil ver uma pessoa doente, e que hoje as pessoas ficam doentes facilmente; não existia médico , apenas farmacêutico (Srº Zé Amâncio); quando uma pessoa ficava doente quem fazia às vezes de médico era o Srº  Afonso, que também era diretor  e professor na  escola. A escola estadual era a Reunidas, cujo prédio tem até hoje, fica próximo a cachoeira;
Naquela época uma vaca gorda valia 2500 mil réis, havia também muita fartura de peixes, escutavam-se de longe os cardumes batendo. Tinha várias lavouras de arroz, todo mundo plantava arroz naquela época, como a D. Dina mãe do Bidiel que tinha roça de arroz. As mulheres também garimpavam.
Antigamente a população era maior aqui - disse ele,  por ter diamantes havia muitas pessoas de fora , muitos carros e movimento na cidade.
 Na praça, tinha uma igrejinha e uma casa em baixo do pé de ingá ( até hoje ele está ali ), nesta casa morava o Srº Joaquim preto, ainda não existia  a praça.
Disse –nos que  Koró já morava já  aqui e sempre o chamava para ir até Campo Grande, mais era muito dificultoso por conta das chuvas, nos relatou que tinham de ir com pouca roupa (de cueca) porque tinha muito barro e demorava uns 10 dias para chegar lá .
Como não conseguia pegar uma pedra de grande valor Srº Vanderlino, passou a trabalhar na Fazenda do Srº Enéias, onde, tempos mais tarde conheceu sua falecida esposa D. Socorro. A conheceu e ficou namorando-a por mais ou menos dois anos em segredo, para depois se declarar a ela. Quando perguntando por ela porque demorou tanto tempo para procurá-la, segundo ele, assim respondeu: que a estava cuidando para ver se não daria confiança a outro homem.
Disse-nos que desse período, o que mais sentia era saudade de sua família que estava em Minas, e que somente após vinte anos mais tarde pôde reencontrar seus irmãos.

ALUNAS RESPONSÁVEIS PELA ENTREVISTA: Katcilaine e Leide.

Nenhum comentário:

Postar um comentário