Dona Valci, professora aposentada, gentilmente no recebeu e se dispôs em escrever um pouco do que, segundo suas lembranças, era o municipio de Rochedo quando aqui chegou.
Eu, Valci de Souza Marques vou contar sobre o nosso município quarenta e nove anos atrás data em que me casei e vim morar aqui.
Era um lugar com poucos moradores, podia contar quantas pessoas existiam aqui. Já melhorou muito! O que existia eram pequenas casas sem nenhum conforto. Já naquela época uma das atrações era o rio Aquidauana, era uma fartura de peixes!
Tinha uma pequena igrejinha onde reunia os fiéis que iam reza o terço. Não tinha padre vinha quase de ano em ano. Havia um posto de saúde , os médicos vinham de Campo Grande. Existia a delegacia, onde meu falecido marido trabalhava, quando não tinha delegado ele respondia pelo cargo. Tinha a Prefeitura, a Escola Estadual, o Correio, o Cartório; existia alguma casa de comércio, tudo muito simples. Só um comerciante tinha geladeira, que era o japonês Yamashita Yutaca. O meio de comunicação era o rádio, não tinha televisão, telefone. Agora já temos tudo isso e outras coisas a mais, como computador, celular, etc. O açougue funcionava uma vez por semana. A Escola Estadual de primeira a quarta série era composta assim: na direção Srº Afonso de Araújo Passos, e o corpo docente: Srª Morena esposa do diretor, Srª Maria Alves Ramos, Elza Abadia de Oliveira, Valdelice de Oliveira, Laura Odakura e eu.
O primeiro clube recreativo foi construído com nossos esforços e iniciativa de meu marido Zacarias de Souza Marques. Programava os bailes com leilões com a ajuda de todos os professores; arrecadávamos as prendas para angariar fundos para a construção do clube.
Os moradores contribuíam com tudo. Na época das políticas os candidatos vinham fazer a campanha eleitoral e davam sempre uma contribuição para ajudar na construção do clube.
Naquela época não existia luz elétrica, nem água encanada. Para lavar roupa, louça, tomar banho, tinha que ser no rio. Para dar aula à noite tinha um motor gerador que fornecia a luz.
As festas do padroeiro da cidade que era o Senhor Bom Jesus da Lapa, os festejos eram de ano em ano, nove noites de festas seguido de bailes e leilões; cada noite tinha um representante, era bem animada, na última noite era oferecido um grande churrasco, tudo de graça! Tinha também candidatas a rainha, à meia noite havia a coroação das rainhas. Todas procuravam ir bem arrumadas, bem vestidas; era muito bom.
Os fazendeiros colaboravam bastante, doavam sacas de arroz, bezerros, porcos, carneiro e frangos. Era muito movimentado. Tinha as barraquinhas onde vendiam de tudo: roupas, sapatos, salgados, bebidas, etc.
A nossa cidade está mudando quase todos os dias, já existem muitas casas bonitas. Temos mercados, padarias, várias igrejas cristãs, temos um frigorífico que oferece emprego para muitas pessoas.
Espero que melhore cada vez mais.
Valci de Souza Marques
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